Uma prega no tempo era o que
se desejaria para anular certas datas que acentuam a dor e que fazem rever
momentos conturbados da vida. Uma suspensão de memória que anularia o peso no
peito e que evitaria os sorrisos que temos que ter sempre prontos para
mascarar a mágoa.
Próximos estarão os festejos,
esses que, outrora sim, foram momentos de festa e que hoje já não fazem assim
tanto sentido por não os podermos partilhar com aqueles que partiram. É certo
que continuam a fazer algum sentido por aqueles que cá ficam, os que nos
instigam a continuar por mais um dia, todos os dias...
E, apesar de continuarmos a
sorrir com a mesma genuinidade, são sorrisos um pouco amargos, sorrisos de
coração pesado, porque esse coração, tão e tantas vezes cheio, está agora
irremediavelmente quebrado. Cheio de cicatrizes que jamais se apagarão com o
tempo. O tempo que gentilmente nos dizem, numa mentira piedosa, cura tudo.
Assim, se sugeriu (e bem),
num rasgo de génio, que uma prega no tempo seria um mal necessário nesta época
que cada vez mais dói, pela ausência daqueles que perdemos e que eternamente
amamos.
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