Cadeiras
frias e uma mesa recta. Paredes brancas. Alguns livros numa estante e objectos
aleatoriamente espalhados sobre a mesa. Talvez uma sala de aula improvisada.
Ouço
pessoas lá fora que falam e estendem os seus passos pelo soalho de madeira
corrida. Distraio-me a olhar pela janela e imagino o dia que se move lá fora,
cheio de sol e de pessoas que passeiam e desenferrujam os sorrisos.
De
repente, sou surpreendido pela porta que se abre. Ela entra, vira-se sobre si
própria e fecha a porta atrás de si. Inconscientemente, dou por mim a seguir os
seus movimentos, talvez atraído pela ausência desses neste espaço inerte. Ela
senta-se devagar, recolhe a cadeira contra a mesa, ajustando o corpo ao espaço
que lhe cabe. Começa a escrever. Ajeita o cabelo comprido atrás da orelha. Parece ter os pensamentos dispersos, alienados
ao que a rodeia. Não consigo perceber se é feliz ou triste. Tento ver nos seus
olhos que, embora grandes, pouco revelam. É estranho tentarmos adivinhar o que
os outros são ou como são pela mera observação. Parece que estamos a invadir um
pouco da sua privacidade, da sua intimidade. Tentamos adivinhar as suas vidas,
as suas rotinas e até os seus momentos de loucura. Mas são apenas meras coisas
com que ocupamos o pensamento ao imaginarmos outros mundos, talvez com o
intuito de nos distrairmos do nosso próprio mundo e das coisas que nos
entediam. Qualquer razão é válida para que consigamos encher a mente, que já se
encontra tão cheia de coisas tão vazias.
Volto
a olhar para ela e, agora à distância de apenas alguns minutos, parece que a conheço
um pouco melhor. Quase que consigo dizer o que vai no seu pensamento, o que
pesa no seu coração.
Olà rapariga, esta tudo bom contigo? Bj do alentejano do L-point
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