Naquela
noite, decidimos ir ver as estrelas. Disseste que havia um sítio especial onde
as costumavas ir ver sozinho quando eras mais novo. Querias partilhá-lo comigo.
Descemos
a ladeira quase às escuras, levando nos braços uma manta, porque os dias no
Alentejo são quentes, mas as noites são frias e com uma cacimba que se entranha
na pele.
Sentámo-nos
no banco de cimento, muito juntinhos um ao outro e com a manta à volta de ambos
os corpos. À nossa frente, um céu imenso, muito negro com um manto monumental
de estrelas de diferentes brilhos e tamanhos. O mar revoltava-se, estendendo-se
sobre as rochas fazendo um som inconfundível. A luz que se esfumava já muito
para lá da linha do horizonte, aquecia todo aquele cenário onde apenas se viam
alguns barquinhos ao longe. A falésia à nossa frente guardava agora os nossos
segredos, enquanto contemplávamos as estrelas cadentes que rasgavam o céu...
Agora
e há distância de alguns anos, volto ali para ver as estrelas sozinha e
relembrar a perfeição daquele momento. Sei que também o fazes quando ali voltas
nos teus verões e nos teus invernos. Imagino-te, com o olhar pensativo, a puxar
de um cigarro e a contemplar tudo aquilo sozinho. Naquela paisagem que é tão
grandiosa e o quão pequeno te sentes ao olhar para o banco e ao ver que o lugar
vazio ao teu lado permanece frio, ausente de mim. Pensas apenas: “...
será que algum dia voltaremos a ver as estrelas juntos?”
É nas noites em que o céu está mais negro, que verás as estrelas mais brilhantes.
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