Ao percorrer esta estrada, cheia de curvas
estreitas, vou perdendo um pouco de mim. Vou deixando escapar por entre os
dedos os sonhos que em mim habitaram. Ficaram lá no passado, perdidos entre
ilusões que já não consigo vislumbrar. Tão disformes que já nem me consigo
lembrar de que matéria são feitos. Vão perdendo a força que tinham outrora,
dando lugar a cruas realidades que nunca desejei. Visões amargas que compõem o
caminho, mas que não quero guardar para mim. Dizem que fazem parte da pessoa em
que eu me vou tornar. Fazem parte de um todo que sou eu. Mas eu não quero ser
esse todo. Prefiro ser um nada aberto a um mundo cheio de possibilidades em que
os pesadelos são postos de lado.
“Não sou
nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada.
À parte disso, tenho em mim
todos os sonhos do mundo.”
Álvaro
de Campos
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