Já várias pessoas me têm dito que há muito tempo que não escrevo, que sentem falta da minha escrita, que não devo parar. No entanto, estou a passar uma fase muito difícil na minha vida e não tenho nem tempo nem disponibilidade mental para escrever. Talvez o que não tenha mesmo é disponibilidade emocional.
(E eu que pensava que já tinha passado por algumas… Afinal, não. Isto agora dói como nunca tinha doído. Agora é que me apercebo o que é realmente sofrer a perda de alguém).
Como tal, tenho-me afastado do papel e da caneta. Embora o faça com alguma relutância, faço um esforço por não escrever. Mas a verdade é que nenhuma palavra parece bastar…
Tenho medo. Fecho-me. Talvez por não querer enfrentar a realidade tal como ela é. Custa-me a aceitar. Não quero acreditar que isto aconteceu. Não o quero assumir dentro de mim. Tal como não fui capaz de deitar a primeira terra sobre o teu caixão. Não me queria despedir de ti…
Lido mal com a morte. Muito mal. E, talvez por isso, me esconda de mim própria, da minha dor e finjo que está tudo bem. Tento pensar o mínimo possível sobre as coisas. Distrair-me com o trabalho e com os amigos, com coisas fúteis, para não pensar naquilo que realmente me atormenta os dias e as noites.
Ainda é cedo demais para falar sobre isto. Ainda é cedo demais para ir ao cemitério e ver que já retiraram todas as flores. Ainda é cedo para arranjar a campa, pois a terra ainda não assentou. Ainda é cedo para me despedir, pois ainda não te disse o que sinto por ti. Ainda preciso demais de ti para que te vás embora. Ainda é cedo demais, pois ainda não acabei de te amar…
E não precisas nunca de acabar de a amar. Mesmo ausente, ela está em ti, na tua irmã, nos teus sobrinhos... A marca dela continua e, por maior que seja a dor, essa marca que deixou em vocês é de amor.
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