Sim… Estou sempre na tua mente, mas nem sempre da mesma forma. E por vezes sou desviada para um canto tão recôndito da tua consciência que nem dás por mim. Fico no ângulo morto do teu pensamento. Estou mesmo ali, mas não me vês, não me ouves, não sentes sequer a minha presença. És desviado por maiores atenções, menores intenções, pelas luzes e pelo brilho. Ficas embriagado pelas inclinações e nem te apercebes que as coisas também a ti te escapam por entre os dedos.
As horas passam e o silêncio toma conta do meu mundo. É um vazio que não me pertence, uma sensação estranha que tento afastar. E que, apesar de tudo, a reconheço por já me ter atropelado tantas vezes. Vezes demais…
Afinal, estás aí, mas não estás. Vejo-te a ti, sinto-te e sei-te de cor.
Vou fugir daqui, deste espaço de ninguém. Deste silêncio que destrói e me consome. Vou erguer-me num repente, de esticão para não custar tanto. Vou agir como quando estava sozinha, pois foi assim que te apaixonaste por mim. Não me quero anular, como no passado. Recuso-me a viver na sombra… mesmo que seja a tua. Vou caminhar e, dizer como dizia antes, quem quiser que me acompanhe.
Não quero viver numa mentira, por mais bela que seja.
E um dia que espreites, porque alguma coisa me trouxe de novo à tua memória, pode ser que tenha desaparecido e não exista mais no teu ângulo morto…
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