Não tenho por hábito publicar textos demasiado específicos. Mas, no seguimento de uma conversa em que me diziam que tenho uma escrita demasiado intensa, pediram-me para mostrar algo que fosse realmente agressivo. Escolhi este texto que estava guardado, mas que ilustra bem os maus sentimentos que por vezes também fazem parte de mim. Segue então algo que foi escrito num vómito...
A vida não é como tu pensas. Ou, aliás, eu não sou como tu pensas.
Pões e dispões de mim como e quando queres. Hoje apetece-te e é bom, amanhã julgas que me tens na mão e desprezas-me. Depois vens e solicitas a minha atenção, como se eu tivesse que me mostrar sempre disponível. Não é assim. Pode ter parecido ser assim no passado, pois estava fraca e precisava da tua presença para me sentir bem. Hoje não me és imprescindível. Por isso, se me queres, tens que lutar por mim. Se é apenas uma queca que procuras, então esquece. Procura então outra pessoa, como o fizeste tantas outras vezes. Ficas triste, porque comigo é mesmo bom e disso não tens a menor dúvida. Mas não se pode querer ter tudo e, quando se quer muito muitas coisas ao mesmo tempo, há sempre algumas que ficam pelo caminho. Algumas que escapam por entre os dedos. E quando olhas para trás, percebes que te eram realmente essenciais, importantes para o teu bem-estar, para a tua sanidade mental.
Procuras recuperá-las e percebes que não será assim tão fácil. Questionas-te mesmo se não será já tarde demais. Mas não sou eu que vou responder a essa pergunta. Se queres muito, luta. Terás que fazer por merecer aquilo que no passado te foi dado de mão beijada. Aquilo a que, só agora depois de o teres perdido, consegues dar o devido valor. Consegues perceber do quanto precisas disso. Aquilo que já tiveste vezes sem conta e que desprezaste outras tantas vezes.
Pois para mim chega! Estou cansada deste sim e muito, mas só de vez em quando… Deste quero-te tanto, mas só durante um bocadinho… Deste preciso tanto de ti, porque destronaste todas as outras, como se isso me fizesse sentir bem. Como se fosse um prémio, depois de submetida a tantas comparações.
Sou a melhor sim, de todas as que já tiveste e ainda terás. De todas as que repetes ou que descobres e em quem tentas sempre encontrar um bocadinho de mim. Em vão… Sabes bem que me perdeste. E sabes ainda melhor que a culpa foi tua. Crucificas-te por isso. O sabor amargo que sentes na boca é o sabor da derrota a que nunca te habituaste. Pois aprende que a vida também é constituída de derrotas. Aprende com isso para que possas ser uma pessoa melhor. E aprende essencialmente que eu sou a tua maior derrota. Vive com isso, porque me perdeste!
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