Procuro imagens, sons… Procuro palavras… procuro qualquer coisa que me instigue e me faça transpor para o papel aquilo que atravessa o meu pensamento. Mas nada parece bastar. Tudo sem cor, sem sentido. Nada me suscita a curiosidade ou sequer vontade do que quer que seja.
Apatia… Fico assim parada, imóvel, inerte. Sinto a superfície do corpo quente, mas por dentro tenho um cubo de gelo que imobiliza qualquer emoção.
É mesmo assim. Tem que ser assim. Tenho que fechar um pouco a porta e minimizar os sentimentos, reduzindo-os a um quase nada. Carregar no botão do off e desligar. A frieza dará lugar ao que outrora me reconfortou.
Esta noite serei fria, despreocupada, ausente de julgamentos. Sem envolvimentos físicos ou emocionais. Desprezível até…
Serei uma sombra vazia de mim. Um corpo estranho e (des)animado. Mover-me-ei apenas com gestos automatizados e sorrisos por encomenda, pois sem qualquer sentimento tudo se torna artificial.
Existirão luzes e purpurinas, frases feitas e apertos de mão, poses e sorrisos de ocasião.
Esta noite vou sair e tu não vais estar ao meu lado. Ausentaste-te para outra cidade. Longe desta Lisboa que me compõe.
Mas tu vais lá estar e dar-te-ei a mão se me sentir sozinha… «¨»
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