08 abril, 2011

noites passadas

Relembro a noite passada em que vieste quase sem querer. Aproximaste-te devagar tentando esconder a tua vontade em me ter.
Nesta cama que já arrefeceu, perdes-te nas linhas do meu corpo, na curva do meu peito, tocando cada centímetro desta pele que te faz esquecer quem és. Abandonas-te, deixando o mundo lá fora suspenso, pois precisas de descansar de ti, mesmo que seja só por uma noite. Precisas de mim e da calma que te proporciono. Precisas do refúgio do corpo que te sabe de cor.
Aninhas-te sem nada dizer, pois as palavras são demais. Dormes.
A manhã surge lenta rasgando docemente o escuro descanso do quarto.
Despedes-te com um beijo sobre a minha pele ainda morna e invejas-me, pois não podes ficar.
Sorrio e volto a adormecer, pois a responsabilidade dos dias hoje não me chama.
Agora, vou sair à rua, sentir o sol que brilha lá fora e, possivelmente, confessar-me às margens do rio.


Sem comentários:

Enviar um comentário