22 março, 2013

ausência de um corpo

Hoje não acordaste ao meu lado. Não partilhámos a mesma cama. Não sentiste o meu cheiro morno de madrugada, nem te aninhaste ao meu corpo quente moldado à noite que agora acaba.
Não houve sexo antes de dormir. Nem tempo para sonhos distantes. Não houveram dois corpos num só. Nem depois, nem antes.
Há muito tempo que não existe essa comunhão. Esse esquecer do mundo lá fora para viver um mundo que só a nós pertence. Não há disponibilidade. Temporal, emocional, sei lá ...
Mas apesar de não partilharmos a mesma cama, não há dia em que não o lamentes, não há noite em que não me desejes. Ansias pelo gosto adocicado dos meus lábios, pelo conforto inconfundível dos meus braços. Ansias por esse momento em que te libertas de tudo, do mundo, e te encontras finalmente. Reconheces-me e reconheces-te e não sabes o que fazer com isso tudo. Que é tanto e tão maior do que podes suportar. A grandeza das coisas assusta-te. Silêncio é o que tens para oferecer, porque o medo é soberano e prevalece sobre o que de mais evidente há no meio de ti.