21 fevereiro, 2012

Dente de Leão

Por vezes, ficamos absorvidos por nós próprios. O mundo gira a uma velocidade tal que ficamos concentrados num ponto e esquecemo-nos do que está à nossa volta.
Posso evitar escrever agora, mas venho sempre aqui para ver os posts dos blogues que sigo. No entanto, alguma coisa parece não estar bem. Falta alguém…
É quando decido parar por alguns instantes, olho em volta e lá estás tu, no teu canto. Agachada a pensar nesse teu mundo onde nunca ninguém entrou.
Espero um pouco e fico só assim, a observar-te. Decido então, mais uma vez, ir-te buscar. Pois sei que já não adianta chamar-te ou perguntar por ti. Aproximo-me, baixo-me e sento-me lentamente ao teu lado para não te assustar. Olhas para mim, com esses teus olhos tristes, e eu sorrio devagar. Fico a pensar se estarias à minha espera. Estico a minha mão na direcção da tua. Estás fria. Aperto um pouco para que sintas o meu calor e para que te sintas confiante de novo. Ergues-te. Trago-te até cá fora, sem nunca te largar a mão, e sentamo-nos num banco do jardim. Aqui, podes respirar um pouco de ar fresco, apreender alguns raios de sol neste inverno frio e sentir o cheiro da relva ainda fresca pelo orvalho da manhã. 
Ficas um pouco apreensiva, mas pareces mais calma. Talvez até um pouco revitalizada. Reconheces dentro de ti que precisavas de sair um pouco, respirar fundo. E eu fico mais tranquila por saber que ainda aí estás e que ainda te consigo dar algum conforto através de um gesto simples.
É então que me distraio com outra coisa qualquer. Sem querer, volto à minha realidade, fazendo cumprir a responsabilidade dos dias. Volto para me ocupar de outros afazeres, da minha vida, da vida dos outros, da minha vida com os outros. Mas daqui a algum tempo sentirei de novo a tua falta. Talvez já estejas de volta ao teu canto, talvez ainda permaneças no banco do jardim a observar os dentes de leão. Ou talvez tenhas voltado também à tua realidade.
Espero que estejas bem e que em breve possa ter notícias tuas. Até já…



Para ti J.
E para todos aqueles que precisam de ser resgatados de vez em quando.

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