04 maio, 2011

A Asma da Saudade...

Nunca pensei que fosse assim. Ninguém me disse que era assim.
O medo confunde-me o pensamento e sinto que me estou a perder nesta dor que parece não cessar. Uma ansiedade apoderou-se do meu corpo como um vírus letal e, por vezes, pergunto-me se já não terei morrido.
Tudo aquilo por que lutei e em que acreditava desvaneceu-se sem que eu o pudesse evitar. Uma asfixia agonizante faz-me agir de modo diferente àquilo que sou e que realmente me compõe.
Perdi tudo o que tinha e estou sozinha pela ausência de um ser superior que me diziam acompanhar. Será que vale a pena continuar?

É tudo uma ilusão, porque na verdade nada subsiste a não ser na nossa memória e nos nossos corações. Porquê entregarmo-nos às coisas que sabemos que nos vão fazer sofrer? E choramos pelo inconformismo de sabermos que o tempo não recua e que jamais desfrutaremos da companhia daqueles que perdemos e que eternamente amamos.
Sentimos um nó na garganta e revoltamo-nos... Odiamos tudo e todos: as pessoas, os animais, as árvores e o céu e as nuvens. Odiamos o ar que respiramos, porque custa a fazê-lo quando se está sozinho. Parece que queima por dentro. Respiramos fundo incessantemente na esperança que esta dor no peito seja expelida juntamente com o ar. E, quando pensamos nos que perdemos ou nos que ainda vamos perder, há uma força maior que nos atinge e que nem sequer nos deixa respirar. É a asma da saudade...

Tentei encontrar a força em coisas que sabia inúteis de modo a afastar a dor. Olhares profundos e reprovadores trespassam a fronteira do meu corpo e percorrem as entranhas até atingirem a alma, ferindo-a como um punhal que escava lentamente o meu sepulcro ainda desabitado.
Nunca pensei acabar assim. A força que dizia possuir abandonou-me por completo.
Espero assim por dias de sol em que o mar seja a minha companhia e que um sorriso breve possa surgir sem receio…


Sem comentários:

Enviar um comentário